As coisas melhores… – Os textos

Que bom que é termos o português como primeira língua e podermos ler no original a grandiosa obra poética para a infância e juventude produzida em língua portuguesa. Refiro-me não só aos nossos escritores (os que conhecemos há algum tempo e os muitos que têm surgido nos últimos anos) mas também aos brasileiros, cuja riquíssima produção é, lamentavelmente, pouco conhecida entre nós. Esta falta de divulgação prejudica-nos a todos e impede os nossos pequenos leitores de se tornarem grandes leitores. A literatura de expressão portuguesa para os mais novos produzida em Portugal não deveria bastar-nos. Duas coisas me impressionaram neste trabalho de pesquisa e recolha de textos: em primeiro lugar (já o referi) a riqueza da literatura brasileira escrita a pensar nos mais pequenos; em segundo lugar o baixo estatuto da criança africana que se reflecte exactamente na quase ausência de produção, publicações ou edições a ela dedicadas no mundo lusófono. Ausência que se reflecte no espectáculo, que acabaria por se centrar em autores brasileiros e portugueses e em apenas dois textos oriundos de África. À criança destes países que também falam português não falta apenas a literatura, falta-lhe também a infância, falta-lhe a oportunidade de vivê-la. É este o nosso mundo global.

Joaquina Caeiro