Uma Odisseia, o cadáver, o porcalhão e a musa
50 minutos
Alunos do ensino secundário e público em geral
Era uma vez… três. Uma Inês, um cadáver, um porcalhão e ainda uma musa. Afinal eram quatro. Três contadores de histórias dão início a uma viagem e vão pondo de pé as que jazem fechadas nos livros. Três palhaços vão cosendo e descosendo algumas das mais conhecidas histórias que constituem a literatura de língua portuguesa. E riem e troçam e choram e desconfiam e entregam-se. De Inês de Castro ao Adamastor, dos poetas surrealistas portugueses aos poetas gregos, de Camões a Valério Romão, de Tatiana Alves a Eça de Queirós e tantos outros autores, todos são mexidos e remexidos por estes três endiabrados palhaços. De tudo riem, de tudo troçam, com tudo se comovem. Usam estas palavras para viver porque é para isso que lhes serve a literatura: não para a ter arrumada numa estante catalogada e cheia de teias de aranha mas para viver. Para a cheirar e comer, para rir e chorar, para se deitarem com ela e para lhes servir de bagagem na viagem. Como é natural a gente deste tipo, a literatura portuguesa não lhes chegou. Ainda chegam a autores brasileiros, polacos, ingleses, etc. E tratando-se de uma odisseia, não esquecem naturalmente os gregos. Homero é aliás o ponto de partida. A Odisseia e a sua proposta de viagem de regresso a casa que demora a concretizar-se, serviu-nos para a construção deste trabalho pondo em movimento as personagens. Mas apenas isso. Depois de estarem em movimento, aquilo que nos interessava era pegar nos textos fundamentais da nossa literatura e enchê-los de vida. Ainda que para isso os tenhamos cortado, colado, remendado, acrescentado.
O objectivo principal desta nossa demanda é o mesmo de todos os nossos espectáculos: seduzir leitores. Entregar ao público as palavras de modo a convencê-los de que podem trazer algo à sua vida que não existia antes. Ao apresentarmos e dirigirmos o espectáculo aos alunos do ensino secundário pretendemos que os livros e os autores fundamentais cheguem ao público sem o “peso” da escola. Um espectáculo não serve para estudar, não é uma aula nem pode pretender substituí-la. Deverá ser um momento de fruição, estimulante o suficiente para que o pensamento do público se desencadeie. É nisso que acreditamos e é para isso que trabalhamos. Se o conseguimos ou não, o público o dirá.
E vamos rir. Sim, rir. Não conhecemos nada tão eficaz para seduzir leitores e já agora, para viver. E a rir, havemos de aprender qualquer coisa. A lermo-nos melhor, por exemplo. E a lutar contra o medo com armas melhores do que pistolas e espadas.
Parceiro Institucional:
Fotos
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Quem faz o quê
Guião: Cristina Paiva, Rodolfo Castro, João Brás
Textos: Abade de Jazente , Ana Hatherly, António Gedeão, Aristóteles, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Garcia de Resende, Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia, Homero, José Saramago, Luís de Camões, Luis Filipe Parrado, Maria Teresa Horta, Mário Cesariny, Mário de Sá Carneiro, Nuno Júdice, Regina Guimarães, Ruy Belo, Tatiana Alves, Valério Romão, Vinicius de Moraes e Wislawa Szymborska
Encenação: Rodolfo Castro
Interpretação: Cristina Paiva, Lia Vohlgemuth e João Brás
Música: Joaquim Coelho
Coreografia: Lia Vohlgemuth e Rodolfo Castro
Figurinos: Maria Luiz
Execução de guarda-roupa: Margarida Viana
Som, Fotografia e Vídeo: Fernando Ladeira
Luz: Ricardo Tavares
Parceiro Institucional: República Portuguesa – Ministério da Cultura
Apoio: Fórum Cultural de Alcochete e Município de Alcochete
Produção: Andante Associação Artística
Fotos residência
Adega – Residências Artísticas | Santo Quintino, Sobral de Monte Agraço