ABSURDEZ (isto não faz sentido nenhum)
Celebrar a leitura em voz alta:
Sem público? – Isto não faz sentido nenhum
Com máscara? – Isto não faz sentido nenhum
Sem nos podermos tocar? – Isto não faz sentido nenhum
Num tempo em que poucas coisas fazem sentido, ou pelo menos, o sentido que costumavam fazer, resolvemos fazer a celebração da leitura em voz alta com leitura de literatura do absurdo para a infância. Com as crianças. Desde a tradição oral até Lewis Carrol, de Gianni Rodari a Manuel António Pina, de Luísa Ducla Soares e João Pedro Mésseder a Fernando Pessoa. Porque nem todas as histórias começam e acabam da mesma maneira; porque o nonsense ajuda a organizar o caos; porque o poético e o absurdo fazem muita falta para nos ajudar a olhar para o mundo de outro modo; e porque rir de um mundo virado do avesso nos pode salvar os dias.
Assim aprendemos com as avós: “era uma vez o era não era que andava lavrando na serra, chegou-lhe uma notícia de que a mãe estava para nascer e o pai estava para morrer(…)”. Quando chegámos à Alice de Lewis Carroll já não estranhámos. Nem nos custou a perceber que existem no mundo Gigões e Anantes, como demonstrou Manuel António Pina.
E no meio do absurdo que tem sido a nossa vida de há uns meses para cá, por causa deste novo vírus, em vez de um espectáculo preparámos um filme; em vez de um teatro, as crianças viram nascer e trabalharam num estúdio de gravação (que é uma biblioteca); em vez das técnicas de projecção vocal aprendemos sobre storyboards e planificação de dias de filmagem.
Com um processo de trabalho tão diferente e desconhecido para nós, tememos o pior. Mas já devíamos saber que as crianças são poderosas, que têm uma grande capacidade de entrega, que riem facilmente, que são muitíssimo criativas, e que respondem a todos os pedidos que lhes façamos com naturalidade, por mais absurdos que sejam. Não consideram estranho ler de cabeça para baixo, nem trocar as palavras nas frases para as tornar divertidas.
Esta crianças são especiais. E são especiais porque nesta escola existe uma professora bibliotecária que vira o mundo do avesso para os pôr a ler. A partir do nosso CLEVA (clube de leitura em voz alta de Alcochete) Ana França, criou os Clevinhas. Quando transformámos o clube em coro de leitores, ela seguiu-nos os passos e ultrapassou-nos. Eles gravaram Cds, eles fizeram espectáculos, eles fizeram vídeos, eles criaram pins e adereços e figurinos, etc. E nós somos os “padrinhos” destes meninos. Podem imaginar como nos sentimos a trabalhar com eles.
Vídeo
Quem faz o quê
Guião e direcção: Cristina Paiva e Fernando Ladeira
Textos: Manuel António Pina, Luísa Ducla Soares, João Pedro Mésseder, Lewis Carroll, Fernando Pessoa, Gianni Rodari
Leituras: Clevinhas – Alunos da EB Professor João Dias Agudo – Póvoa da Galega, Mafra
Afonso Lourenço, Alice Alves, Alice Santos, Ana Beatriz Mesquita, André Cerqueira, Carlos Faria, Cláudio Silva, Constança Borges, Crysllanne Ribeiro, Daniela Sanó, Diana Correia, Ema Alcobia, Emanuel Santos, Francisco Alexandre, Gustavo Franco, Hélder Branco, Iara Pedreira, Irina Francisco, João Carvalho, João Moreira, José Tucunduva, Lara Nascimento, Leandro Vila Nova, Leonel Mendes, Lourenço Santos, Madalena Silva, Madalena Simões, Maria Brugni , Matilde Reis, Michael Ferreira, Miguel Latas, Miguel Fiúza, Oliveiros Pinheiro, Rafaela Lopes, Raphael Erdmann, Rodrigo Reis, Sara Ferreira, Simão Soares, Tiago Chumbeiro, Vicente Costa, Victor Dolghil e Victor Teixeira
Iluminação, captação e edição de áudio e vídeo: Fernando Ladeira
Patrocínio: PNL 2027
Apoio: Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro
Agradecimentos ao José Fortes, à Casa do Folhas e à Ana França